O charme das danças de salão

Bailarinos de dança de salão

Há sempre qualquer coisa de mágico no ar quando se assiste a um par de bailarinos fabulosos, qual Fred Astaire e Ginger Rogers, a deslizar por um salão de dança, em sintonia total com a música, vestidos a rigor e leves como penas. Em pleno século XXI, as danças de salão voltaram a seduzir miúdos e graúdos e a expressão do momento é mesmo: dança comigo!

Uma história, passo a passo

O termo “danças de salão” deriva do inglês “ballroom dancing” que, por sua vez, tem as suas origens na palavra “ball”, uma derivação do latim “ballare” que só podia significar “dançar”. Desde tempos imemoriais que o homem dança, ora para celebrar, ora para fazer o luto, mas só no século XV é que o acto de dançar, e em pares, ganha contornos de entretenimento e diversão. Experimentada pela primeira vez nas cortes italianas, a moda depressa dançou até França e Inglaterra, onde os nobres não queriam outra coisa, aliás, para pertencer ao jet set da altura, ou sabia dançar ou não entrava!

O ano de 1776 foi um marco fundamental na história das danças de salão, com a exibição da primeira Valsa em Viena…foi ainda a primeira vez que um par de bailarinos se tocava de forma mais íntima ao dançar! Mantidas dentro dos círculos sociais da classe alta europeia, como um segredo bem guardado, as danças de salão foram introduzidas ao resto da população mundial a partir do século XX. A sua popularidade e massificação foi de tal ordem que sobreviveu a duas guerras mundiais, contribuiu para a motivação das pessoas, tornando-se ainda um passatempo predilecto e a melhor maneira de conhecer aquele homem ou mulher especial!

Quando o mundo pensava que não voltaria a apaixonar-se por uma dança como aconteceu com a Valsa, eis que os Estados Unidos apresenta a “Rag Time”: um som cativante, com origens afro-americanas que, para além de pôr todos a mexer, impulsionou a criação de diversas danças originais, desde o “Grizzly Bear”, “Turkey Trot”, “Bunny Hug”, “Shimmy”, “Black Bottom” e “Charleston”… digamos que foi um período de “loucura total” e de “tudo vale” na pista de dança. As danças sociais, como também são conhecidas, nunca mais seriam as mesmas e ficaram divididas em duas categorias: Danças Modernas e Danças Latino-Americanas.

Danças Modernas

Foi durante os loucos anos 20 e 30 que um grupo de britânicos especializados na matéria desenvolveram aquelas que ainda hoje são grandes pilares das danças de salão: a “Valsa Inglesa”, o “Foxtrot”, a “Quickstep” e o “Tango”. Adequadas aos salões de baile de então – os famosos dance halls – foram adaptadas à música que se ouvia na altura e pensadas para serem de fácil aprendizagem para o público em geral.

Danças Latino-Americanas

O mundo volta a render-se à euforia da dança quando entre 1929 e 1930, um grupo de músicos cubanos apresenta, primeiro em Nova Iorque e depois em Londres e Paris, a “Rumba Quadrada” – um ritmo afro-cubano contagiante e a primeira dança latino-americana a fazer parte do rol das danças de salão praticadas na altura. O sucesso foi tal que depressa se seguiram muitas outras do género – o “Samba”, o “Jive”, o “Paso Doble”, o “Mambo”, o “Chá-Chá-Chá” e a “Rumba Cubana”. Nomes e géneros que ainda hoje encantam quem pratica danças de salão e quem assiste a tão bela exibição.

Dança de competição

A paixão pelas danças de salão, pelos seus movimentos, pela sua envolvência e pelo ambiente que criam, leva muitos pares de bailarinos a experimentar os seus passos ao nível da competição. Para além da satisfação própria que advém da dança, quem compete quer agradar ao público, aos outros bailarinos e aos juízes… quer fazer parte de um espectáculo ainda maior. Claro que na competição tudo é avaliado: rigor técnico, execução da coreografia, interpretação da música, guarda-roupa e caracterização. Mantendo a divisão Danças Modernas e Danças Latino-Americanas, em provas e campeonatos de competição são dez as danças de salão que marcam presença: Valsa Inglesa, Quickstep, Foxtrot, Tango, Valsa Vienense, Rumba, Samba, Chá-Chá-Chá, Jive e Paso Doble.

Vestidos para dançar

Todas as danças de salão expressam uma história, com sentimentos e paixões muito próprias, o que quer dizer que o par que executa, através da dança, essa história, tem de estar vestido à altura. Aqui também há uma distinção: para as danças modernas, o homem veste um traje de cerimónia (laço branco e casaca) e calça sapatos de couro ou de verniz; enquanto a mulher enverga um vestido comprido e solto e sapatos clássicos de couro. Mais criativas e libertadoras, as danças latino-americanas são apresentadas por um bailarino vestido de calças justas, camisa “fantasia” e sapatos de camurça; a bailarina, por sua vez, surpreende com vestidos normalmente curtos e extravagantes, calçando sandálias de material sintético, mas igualmente enfeitadas.

A dança da saúde

Está mais que comprovado que as danças de salão reúnem o melhor do desporto e do convívio social, podendo ser praticadas por bailarinos dos 8 aos 80! É um excelente passatempo, em torno do qual se pode reunir familiares e amigos. Para além de exercitar o corpo por completo, é um excelente exercício cardiovascular (sim, queima calorias!), mas também uma boa forma de desenvolver a coordenação motora e mental, para não falar no aperfeiçoamento da sua postura. Dançar tem ainda outros poderes impressionantes: libertam as endorfinas da felicidade, o que significa que nos sentimos mais confiantes, nas nuvens vá lá! Está convencido? Então, agarre no seu par e façam-se à pista!

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