Tudo sobre o bolero
Ritmo quente e contagiante, o bolero tem enchido as salas de baile e as festas com os seus acordes românticos desde o fim do século XIX. Mas afinal de onde vem o bolero, como evoluiu, quais as alterações por que tem passado e quais os seus principais sucessos nas danças de salão? Neste artigo vamos aprender isso e abordar algumas curiosidades interessantes sobre este tipo de música.
Origem do bolero
Existem várias correntes de opinião sobre a origem do bolero. Segundo alguns historiadores o bolero teria tido origem na Europa, em Espanha, durante o período do domínio árabe, no século X. Nesta altura seria conhecido como “bolero de Algodre” e seria destinado a ser dançado por um homem e duas mulheres, em passos de dança sóbrios e elegantes dentro de uma toada religiosa.
Outros estudiosos admitem que o bolero possa ter nascido na Europa e ter sido depois levado para a América, em especial Cuba, aonde se teria misturado com ritmos africanos. Dentro dessa tendência encontram-se menções a um dançarino de nome Sebastian Lorenzo Cerezo que teria sido o primeiro criador de uma nova dança chamada bolero.
Outras vozes defendem que o bolero nasceu em Santiago de Cuba, em 1883/85, pela voz do cubano José Pepe Sanchez na canção “Tristezas”, tendo alcançado êxito no México e depois em toda a América Latina.
Uma coisa parece ser certa, qualquer uma das hipóteses aventadas sobre a origem do bolero reconhece que tanto a dança, quanto o ritmo da música se alteraram desde a sua origem até aos dias de hoje, e admitem a possibilidade de terem inicialmente coexistido diversos tipos de bolero, e não apenas um. O que uniria os diversos tipos de bolero poderia eventualmente ser os discursos poéticos que partilhavam entre si.
Chegado ao Brasil o bolero encontrou aceitação quase imediata e depressa se mesclou com os ritmos quentes africanos e com o samba, adquirindo uma nova vertente muito brasileira de ser cantado e dançado.
Evolução e alterações do bolero
O bolero tornou-se na canção romântica mexicana por excelência. Passou de um ritmo ternário para um compasso binário e quaternário, tendo sido por consequência alterada a forma de dançar o bolero, bastante distinta daquela que se praticava aquando na sua origem.
Originalmente dançado com movimentos suaves, o bolero passou depois a ser executado em passos mais ritmados e eventualmente mais rápidos. A nível das letras os boleros mantiveram-se fiéis a si mesmos prosseguindo na senda dos temas de amor-ódio, felicidade-êxtase, incerteza-desespero. Os temas das letras dos boleros seriam comuns tanto em Cuba quanto no México, Porto Rico e Republica Dominicana, países onde este género de música se difundiu intensamente.
A junção com os ritmos próprios de cada país onde se difundiu levou a que o bolero tenha evoluído de forma diferente conforme o lugar onde era interpretado.Com o passar do tempo o bolero procurou chegar a uma maior quantidade de público tendo cuidado de melhorar o seu nível linguístico, passando a ser cantado com palavras mais cultas e melhor elaboradas.
Os temas da inconformidade e da saudade vieram juntar-se aos tradicionais assuntos abordados nos boleros, e as evoluções ao nível do ritmo e da dança contribuíram em muito para que esta música se tivesse mantido sempre moderna e atual.
Principais sucessos
- O primeiro grande sucesso conhecido no bolero foi em 1885, em Cuba, quando José Pepe Sanchez interpretou o tema “Tristezas”.
- Em 1929 “Aquellos ojos verdes”, do cubano Nilo Menéndez tornou-se o primeiro bolero a alcançar sucesso internacional.
- Também de 1929 é o internacionalmente conhecido bolero “Quiéreme mucho”, de Gonzalo Roig.
- Na década de 40 surgiu o tema “Toda una vida”, do compositor Oswaldo Farrés, numa época em que o bolero já se tinha imposto em Cuba.
- Em 1946 Bobby Collazo cria La última noche” que vem a ser cantado por Pedro Vargas.
- Na mesma época Isolina Carrillo compõe o bolero “Dos gardénias” onde se estreia o cantor Daniel Santos.
- No final dos anos 40 Armando Manzareno cria entre outros grandes êxitos os boleros “Contigo aprendi”, “Adoro” e “Esta tarde vi llover”.
- Dos anos 40 até aos dias de hoje diversos boleros têm sido criados, e muitos êxitos têm acontecido, tendo surgido novos nomes e novos valores que não deixam esmorecer o amor pelo bolero e pelos sentimentos nele expostos. Convém citar a título de exemplo o brasileiro considerado no seu país como “o rei do bolero” Lindomar Castillo, que na década de 70 seduziu o mundo com o bolero “Você é doida demais”.
Curiosidades interessantes
- Sabia que muito embora não se tenha a certeza absoluta sobre qual a nacionalidade de origem do bolero, Cuba é internacionalmente conhecida como a “mãe do bolero”?
- E que o bolero é aclamado como sendo a música rainha das danças de salão?
- Tem conhecimento de que para algumas pessoas a origem da palavra “bolero” está no termo volero (voar) inspirado no movimento que as dançarinas faziam ao rodopiarem os seus vestidos ao som da música?
- Está informado sobre como se dançava originalmente o tango? Era dançado ao som de castanholas, violão e pandeiro, enquanto o casal de dançarinos dançavam sem se tocarem, por entre movimentos sensuais de aproximação e afastamento.
- Acredita que o bolero tem patrocinado a aproximação de muitos casais um pouco por todo o mundo? E que muitas brigas e desavenças se têm resolvido ao som de um bolero?
O bolero é uma das músicas mais românticas e sensuais do mundo, convidando a dançar e a sonhar. Envolvido em mistério desde a sua origem, o bolero é hoje em dia um dos sons mais apreciados por casais românticos e é dos ritmos mais procurados e dançados em salões de baile.